Ouça enquanto lê |
Eles morreram foi disso: re-a-li-da-de.
Porque nos livros, caminhos tão distintos acabavam sempre no mesmo lugar. E ruas paralelas sempre se esbarravam no final. Entre olhos fechados, abraços, beijos e silêncios na cama, o destino parecia poder dar um jeito de fazer dar certo. Talvez diminuindo aqui, talvez dosando ali. Mas quando o dia amanhecia e entre as mil brigas que eles tinham, ficava mais do que evidente: aquilo não daria em nada. Não ia pra frente.
Eles tentaram, quem pode julgar? Fecharam os olhos para erros, fingiram não ver mil defeitos. Mas às vezes somente não é. Às vezes não importa o esforço. Nem todo o amor do mundo consegue superar. Água e óleo não se misturam, já diria minha avó. Ao contrário do que eu pensava quando criança, dois imãs não se atraem. Eles repelem.
Quem via jurava de pé junto que tinha tudo pra acontecer. No íntimo de cada um, ia ter um final feliz também. Mas entre os anos que passaram, a história ficou guardada em um passado que doía um pouco de lembrar. Aquele porão das lembranças que a gente só acessa com muita coragem, porque bate uma vontade louca de voltar no tempo. Na verdade mesmo, tudo o que eles mais quiseram era viver um amor inteirinho em pause. Porque com a vida no play, eles nunca tiveram chance.
Nos contos de fadas, eles terminariam juntos. Nos livros de romance, teriam um final de tirar o fôlego. Nos filmes de Hollywood, protagonizariam um daqueles beijos de cinema antes de subir o letreiro de "fim". Mas na vida real, eles acabaram cada um para um lado. E nem tinha culpado. Hoje, só resta fechar os olhos e lembrar. E se orgulhar do seu próprio conto de fadas particular.
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