Abraços distantes, entre corpos que evitam o encostar
um no outro, não são exatamente abraços, estão mais para tateadas do terreno
alheio ou recolhimento do próprio. Um abraço apertado é coisa diferente. Começa
pelo encostar de duas batidas cardíacas, esse lugar onde mora de um lado o amor
incondicional, do outro o mais puro egoísmo. Depende de como cuidamos dele.
Imagine agora que esse abraço, que já fez corações se
tocarem, se aprofunde mais, e permita que um outro centro de energia entre em
contato com o seu abraçante. Ali, atrás do estômago e abaixo do diafragma, eis
que se tocam dois sóis internos - dois plexos solares. Ali, nesse lugar, é onde
as emoções se digerem, onde se transformam medo em aceitação, ódio em amor,
raiva em compaixão. No abraço, a digestão é compartilhada, e torna-se mais
leve.
Não sei o quanto conseguimos perceber essa troca de
energias tão sutil. Creio que muito, muito pouco. Em parte porque não nos
permitimos abraços tão íntimos, em parte porque andamos desatentos, com pouca
disponibilidade para olhar o que provocamos no outro e o que o outro provoca em
nós. E, sem olhar, como ver? Não vemos.
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