Tanto tempo faz

A menina que conheci a dois anos atrás se despediu de mim. Isso já faz tanto tempo, mas não tive coragem de falar sobre isso até agora, por medo de sentir toda aquela onda de sentimentos novamente. É tão difícil isso. Reativar essa parte do cérebro, transmitir para o papel memórias que antes dissemos que jamais pensaríamos novamente. Fazer com que elas se eternizem ainda mais, deixando rastros por esse mundo a fora. Como se alguém se importasse mesmo com alguma coisa além do próprio umbigo. Mas não voltei aqui pra ser ouvida. Vim pra falar! Meu coração grita por socorro, eu tive que voltar pra contar.

Essa menina. Eu era apaixonada por ela. Todos os textos aqui são extensões dela. Seus cabelos loiros encaracolados, pernas finas e longas, olhos esverdeados e uma voz fina. Ela me disse adeus dois anos atrás, quando mudou de cidade, quando mudou de nome, e gosto musical; quando sua melhor amiga deixou de ser tão melhor assim. Quando percebeu o quanto as pessoas são cruéis e como esse mundo é solitário. Quando cresceu.

Ela vinha nos outonos me visitar, quando eu descobri que um cara partiu o coração dela e ela não voltou mais. Nunca mais. Eu a perdi. Ela se perdeu de si mesma. Em si mesma. Não sei quem ela é. Temo que ela também não saiba.