Ouça enquanto lê |
Madrugadas de sábado nas quais eu estou sozinha ou
sóbria quase nunca dão em boa coisa. Os motivos não lá os melhores também,
então tudo está quite.
Já estive mais feliz. Já estive mais -bem mais-
triste. E odeio associar isso a falta de uns ou de outros. E não ensinam nas
escolas a não alimentar as lembranças, afinal, um dos principais motivos da
minha permanência de loga data a estaca zero, vem do medo de trai-las.
Me repreendo a todo lamento momentâneo com um ” calma,
você só deu errado e o ‘Carinha la de cima’ não te preparou pra vida ” , mas é
em madrugadas de sábado que eu vejo que culpo as pessoas erradas. Ninguém além
de mim lembra todos os dias de todos os outros dias, nem fulano, nem ciclano,
tem culpa do meu não esquecimento.
É que seria tão mais fácil chamar de ’ esperança ’ uma
coisa que na verdade é um ato totalmente masoquista de quem aparentemente,
gosta de sofrer. Porque não, não faz sentido fazer do passado um joguinho de
sete erros sem ter a imagem correta pra comparar.
Nessas mesmas madrugadas eu me consolo. Quem vai
se importar se eu sair as ruas e cantar a minha música favorita, só por
cantar ? Sem destinatário. Só pra ter algo a mais pra lembrar. E que se no
caminho, por acaso, tiver uma pedrinha pra tropeçar, que eu caia. E me apoie na
próxima madrugada.
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